23 de nov. de 2009

Personagens Amazônicas

Olá.
Inaugurando a sessão "Personagens amazônicas" trazemos um perfil confeccionado pelo acadêmico Flávio Godoi, da turma III de Jornalismo. O retrato de "Andréia Machado" foi feito para atender a disciplina de Fotojornalismo II, ministrada pela Professora Doutora Elisabeth Kimie Kitamura em 2008.

A Bike Repórter

perfil de Andréia Machado



Prólogo

Andréia Santos Machado, carrega consigo algo único e totalmente original, diferente de qualquer pessoa que se possa conhecer. Nascida em Colorado do Oeste, Andréia veio para Vilhena aos nove meses de idade, cresceu fazendo travessuras com o irmão mais velho. Hoje, registrar o cotidiano da cidade é mais do que a sua profissão, é o desafio de sustentar suas três filhas, ser dona de casa, arrumar tempo para o marido e ainda cursar a faculdade de Jornalismo à noite.



CCC – Caderneta, Caneta e Câmera

Os sonhos fazem parte do cotidiano desta mãe-mulher-filha. Ganhar dinheiro sem ter que fazer muito esforço são comentários constantes nos diálogos futuristas de Andréia. Enquanto este dia não chega, leva a vida como repórter, uma profissão que encara com muitos desafios.


Morando a quase 50 quadras do jornal em que escreve, Andréia acorda todas as manhãs, após receber as pautas que deve cumprir, apanha sua bicicleta azul com a tintura gasta pelo tempo, pendura o crachá que contém o seu nome e o do veículo de comunicação que trabalha, no bolso do short (sim, pois como tem que pedalar grandes distâncias, uma roupa leve sempre é a opção de Andréia ao sair de encontro as reportagens) e se transforma na bike repórter mais ágil de Vilhena.


Tamanha eficácia em narrar os principais acontecimentos da cidade é compreendido pelo fato de que, para Andréia, qualquer lugar em que ela possa sentar e ficar protegida do sol se torna sua sala da redação. Com sua caderneta e a caneta sempre ao alcance das mãos, esta jornalista sem regalias, escreve a maioria de suas matérias tendo o cenário da população em seu momento de lazer como ambiente. Uma praça onde o vento faça o papel secar seu suor, consequencia da longa jornada de bicicleta, é o lugar ideal.


Por ter que cobrir outros fatos, Andréia esboça uma matéria sentada no banco da praça em menos de 10 minutos. Após fazer este serviço, monta novamente em sua amiga inseparável, única companheira que, além da câmera digital que carrega, presencia entrevistas e situações que no final de semana estarão estampadas nas páginas dos jornais.


Em uma cidade onde o trânsito está sendo considerado um dos mais caóticos do estado, andar de bicicleta para registrar as manchetes pode ter um efeito inverso e transformar o jornalista na manchete principal das páginas de acidentes. Admitindo que tem muito medo de circular pelas ruas e avenidas de Vilhena, onde um ciclista não é respeitado pelos outros personagens que trafegam na cidade, Andréia revela que o único lugar que sente prazer em pedalar é na ciclovia da Avenida Paraná. Porém este espaço reservado para quem vê na bicicleta um instrumento de trabalho ou lazer é único na cidade, único e passageiro, pois para Andréia a ciclovia da Avenida Paraná termina ao começar. Sua residência fica a três quadras da ciclovia e como a grande parte das pautas que tem que cumprir são encontradas no Centro, a ciclovia serve apenas como o “início da partida e fim da chegada”.

A partida em uma das manhãs rumo ao registro dos fatos, por coincidência, levaria Andréia ao cemitério esquecido pelo governo das bicicletas roubadas em Vilhena, na 1° Delegacia de Polícia Civil. A cena que a bike repórter encontrou lhe causou um aperto no coração, como em outras tantas vezes em que viu diante de uma situação de desrespeito, injustiça e poder concentrado.


Centenas de bicicletas amontoadas uma sobre as outras, algumas ainda com serventia, outras, devido à ação do tempo já eram sucatas. Quantas pessoas assim como Andréia dependiam deste meio de transporte para sustentar suas famílias e por uma montanha ainda maior do que as das bicicletas, a montanha da burocracia, assistem seus veículos serem consumidos, expostos à chuva e ao sol.


O cemitério das bicicletas de Vilhena é a prova da marcante presença deste meio de transporte no dia-dia deste povo. A ciclovia que marca o fim da chegada de Andréia em sua casa depois de mais um dia de trabalho, também faz parte da rotina de inúmeras Andréias, representadas por homens e mulheres vilhenenses. As histórias destas pessoas são as fontes de trabalho da bike repórter mais ágil de Vilhena, Andréia Santos Machado.


Obs: Esse é um trabalho acadêmico produzido em 2008 e não remete totalmente a realidade atual. Se for utilizar favor citar a fonte e a autoria.

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