O papo ficou quente no blog. Filmes adultos só atraem a atenção de homens? Não mesmo. Em Vilhena as mulheres estão cada vez mais curtindo assistir aos vídeos das salas escondidas das locadoras. Essa reportagem foi feita pelo acadêmico Flávio Godoi da turma III de Jornalismo, para a Disciplina Redação e Expressão Oral II, ministrada pelo Professor Sandro Colferai.
Tela Fervendo!
(Por: Flávio Godoi)
Você, ela e aquele filminho de “ação”... gostou da ideia? Então se jogue: as minas estão curtindo muuuito ver pornôs
Cada vez mais mulheres jovens ou não, casadas, solteiras ou apenas “tico-tico no fubá”, de classe alta ou suburbanas, estão se desvencilhando das amarras sexuais impostas em séculos de repreensão ao prazer feminino e embarcando de cabeça no polêmico universo da locação de filmes adultos. E quem está lucrando com esta revolução em pleno andamento são os donos de locadoras. Portanto, se você é homem, não estranhe se em uma de suas espiadas à sala proibida para menores de 18 anos da locadora de vídeo encontrar a sua vizinha, aquela acima de qualquer suspeita, tentando se decidir por dois títulos de filmes que um dia você já ouviu sua mãe dizer para a sua irmã que é feio.
O distanciamento feminino deste tipo de filme é mais presente em cidades do interior, mas, Vilhena parece ir contra este índice. Como contou o gerente e proprietário de uma locadora do centro da cidade, o número de mulheres que aluga filmes eróticos é bastante considerável, girando em torno de 35%. O resultado também é vultoso em vídeo locadoras de bairros mais distantes, como a de uma localizada na Avenida Melvin Jones, onde a mulherada é responsável por quatro filmes pornográficos de cada dez locados, segundo o recepcionista.
Mesmo com a prática se tornando cada vez mais frequente, ainda não é nada fácil para uma mulher vencer o preconceito de mentes retrogradas e incluir entre Um Amor Para Recordar e Miss Simpatia algo como Tudo Isso Na Minha B... ou Prazeres e Tentações De Uma Freira. A estudante Joana (os nomes aqui citados são todos fictícios por opção dos entrevistados), 26 anos, casada e com duas filhas descreveu que na primeira vez, depois de muito esforço, que entrou na tão polêmica sala de filmes eróticos, tomou um baita susto.
“Eu já havia ido à locadora decidida a locar um filme pornô, mas quando cheguei vi que ela estava cheia de gente. Quase desisti”. O velho truque do disfarce foi a solução. “Fiquei andando entre as prateleiras olhando filmes de romance e comédia. Foi aí que percebi que não poderia sair dali só com o filme pornô. Apanhei O Diário da Princesa e fui andando em direção a ‘salinha’ fingindo que estava lendo a sinopse do filme”. A ousadia da decoração da sala marcou a primeira visita de Joana. “Após me certificar que não havia ninguém me observando... Vap! Entrei. Estava tão eufórica que levei um tremendo susto com um pôster de divulgação de um filme, em tamanho real, de uma mulher semi-nua e com um revólver na cinta-liga. Depois do susto aquilo me pareceu muito excitante, era o mundo que buscava”.
Depois de casada, Joana passou a ir regularmente com seu marido às locadoras onde alugam e até compram filmes eróticos. “Agora a gente sempre vai junto locar os filmes. Entro com ele naturalmente, mas não que eu tenha vergonha de ir sozinha, e sim porque nós temos gostos diferentes então temos que ir juntos”. Ela considera filmes pornôs uma alternativa para ativar e revigorar a vida sexual do casal. “Conheço muitas mulheres que estão insatisfeitas com seus maridos e que não gostam de assistir filmes pornográficos porque acham que eles estão com tesão na atriz”. Joana garante que elas também ficam instigadas com as cenas. “É claro que eles vão ficar excitados! E elas também. Só não admitem. Assistir filmes eróticos é um passo para se formar a liberdade entre o casal. Um relacionamento onde um tem vergonha de expor seus sentimentos e prazeres não vinga”.
Para Joana, muitas mulheres ainda não se conhecem sexualmente e isso prejudica o casamento. “Na minha opinião toda mulher deveria se masturbar para pode conhecer o próprio corpo e seus pontos estimulantes. E porque não assistindo a um filme pornô?”, questiona.
É muito difícil para uma mulher conseguir locar um filme pornô. Como relatou Joana, rola a vergonha de ser reconhecida e o preconceito tanto de alguns homens como de muitas mulheres. Mas como pode ser tão difícil elas terem acesso ao pornô se a cada dia o número de mulheres alugando estes filmes só aumenta? É simples, não se esqueçam que estamos falando de mulheres, seres que sempre encontram uma solução para tudo. O plano é o seguinte; como comprovam os cadastros de mulheres que costumam locar os pornôs nas vídeo locadoras pesquisadas, o endereço residente da maioria delas é muito distante da locadora onde o cadastro foi efetuado. Ou seja, para não despertarem suspeitas, elas não alugam os filmes adultos no bairro onde moram. “Quem habita no centro, aluga filme na Avenida Melvin Jones ou aqui na Avenida Paraná e vice-versa”, disse o gerente de uma vídeo locadora na Avenida Paraná.
CALA A BOCA VOVÓ
O que estaria dispersando e chamando tanto a atenção do público feminino para estas atrações? A resposta pode ser proveniente de uma nem tão minuciosa observação ao mundo social e globalizado que vivemos hoje. Afinal, a sensualidade está em tudo: nos comerciais de TV, nas entrevistas e até nos noticiários. “Cultural e historicamente, o sexo foi sempre permitido aos homens. Permitido e incentivado. Às mulheres, ao contrário, sempre foi proibido”, explica a psicóloga e sexóloga Inês Rudini.
Para ela, o desejo das mulheres em assistirem a filmes eróticos é o resultado de uma “libertação do orgasmo aprisionado”. “A pílula anticoncepcional deveria ter liberado as mulheres para fazerem sexo com mais liberdade, mas só criou a chamada ‘tirania do orgasmo’. Agora que estamos livres dos filhos indesejados, temos que ter orgasmo, temos que fazer sexo, porque é o que se espera das mulheres modernas, e é o que elas estão fazendo”, norteia Inês.
Até poucas décadas, as mulheres, ou melhor, nossas avós, faziam sexo no escuro e usando longas camisolas. Não se incomodavam em dar e sentir prazer aos maridos, fazer isso era coisa das “mulheres fáceis”, “perdidas”. A psicóloga acredita que a grande maioria das mulheres ainda segue as orientações que suas avós eram obrigadas a cumprir. “Nossas avós ainda vivem no nosso inconsciente coletivo. Sopram nos nossos ouvidos e chamam de ‘vagabunda’ a mulher que conquistou o prazer. Assistir filmes pornôs, olhar o próprio corpo, ou qualquer outra coisa que desperte o prazer é bem vinda. Tem que ter coragem para ousar e ser feliz” orienta a sexóloga que também admiti assistir filmes adultos com o marido. “Todos gostam de ver e fazer sexo, a natureza criou o prazer para que tivéssemos uma boa razão para nos reproduzirmos. Sem prazer, quem iria querer fazer crianças? Precisamos do prazer para a saúde física e mental”, conclui.
O QUE ELAS ESTÃO CURTINDO
Se você achou as declarações de Joana um caso isolado, saiba que muitas vilhenenses compartilham das mesmas ou até de mais ousados relatos quando o assunto é sexo explícito via DVD. As amigas, Vanessa, 24, recepcionista, Fabiana, 28, secretária contábil e Brenda, 29, funcionária pública, aceitaram responder à reportagem o que mais as atrai e o que pensam quando estão assistindo a filmes pornôs. Um detalhe, todas possuem namorados.
Reportagem – Existe filme pornográfico para homem e para mulher?
Brenda – Os caras não querem ver homem com homem. Dizem: “Que coisa feia!” Adoram lésbica, mulher se chupando... Eu também curto lésbica, namoro há seis meses com um homem, mas já tive um relacionamento homossexual, mas foi só sexo. Me excito vendo mulheres. É por isso que acho que o meu namorado também gosta de ver homem com homem, mas tem vergonha de admitir porque ele tem a masculinidade a zelar, eu não.
Fabiana – Existem preferências. Homem adora suruba e duas mulheres juntas. Eu prefiro uma mulher com dois homens. Homem também ama sexo anal, né?
Vanessa – É, com certeza!
Reportagem – Como o cara deve agir ao assistir um pornô com a namorada?
Vanessa – Ah! Quando você olhar para ele, ele tem que olhar pra você, te encarar! Ele pode até estar assistindo, mas quando você quer a atenção dele, ele tem que dar atenção.
Fabiana – Tem que rolar uma conexão.
Brenda – Eu só assisto com o meu namorado, e na maioria das vezes nunca conseguimos chegar até o final do filme porque já rola um clima e daí vamos pra cama.
Reportagem – Preferem com ou sem enredo?
Vanessa – Não sou do tipo de mulher que gosta de história. Quero assistir ao “vamo vê” ali e pronto, tenho essa coisa meio masculina. Vou voltando a cena repentinamente, até o momento do... bum!
Fabiana – Eu prefiro com história, rola um pouco mais de excitação.
Brenda – Eu odeio o Cine Privê da Bandeirantes. Para mim ter que saber dosar, nem só historinha e amassa-amassa, nem só créu.
Reportagem – Vocês gostam de filmes pornôs nacionais ou internacionais?
Vanessa – Eu gosto de nacionais, porque me identifico com os personagens, não são aquelas pessoas brancas e loiríssimas dos filmes americanos.
Fabiana – Também curto mais os nacionais, por que odeio ouvir os “Oh! Yeah”! Prefiro os “Vai cachorra”.
Brenda – Nacional é muito bom, só não gosto das produções caseiras, porque sempre é com gente feia. Gosto de ver gente bonita fazendo sexo.
Reportagem – Teriam coragem de fazer um filme pornô?
Fabiana – Eu sei que pagam muito pouco para as atores aqui no país. Talvez no Brasil eu não faria, mas... Depende do dinheiro. Cada um deve fazer o que quiser, eu não julgo, cada um no seu quadrado.
Brenda – Eu não faria, não para ser comercializado, mas meu namorado gosta de filmar a gente com a câmera digital e depois fica assistindo, mas é algo particular. Sobre as atrizes, só não gosto das que fazem sexo com animais, fora isso acho que tudo é permitido.
Vanessa – Pode ser que sim... Pode ser que não. Agora não faria, mas quem sabe a amanhã. Fiquei sabendo de um cara que fazia filmes pornôs aqui em Vilhena, eu nunca faria aqui, mas numa cidade maior... Tenho meus ídolos do pornô, como a Mônica Mattos e o Tony Tigrão, amo os filmes deles.
ELAS MENTEM
Um estudo da Universidade Wayne State (EUA) registrou que quando as mulheres assistem vídeos com atos sexuais elas ficam excitadas, mas fingem que não gostam! Vale ressaltar que se trata de uma pesquisa norte-americana, com mulheres que vivem em uma realidade diferente das vilheneses, mas, a levar em conta os relatos e dados que já foram apresentados, pode-se concluir que não estamos tão por fora desta mudança de comportamento feminino. Os números da pesquisa foram divididos pela porcentagem dos seguintes atos sexuais:
Mulheres fazendo sexo oral em homens – 63%
Transas no estilo cachorrinho – 42%
Cenas de sexo anal – 38%
Estímulos manuais – 29%
Homens fazendo sexo oral em mulheres - 17%
Obs: Esse é um trabalho acadêmico produzido em 2008 e não remete totalmente a realidade atual. Se for utilizar favor citar a fonte e a autoria.
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