Na sessão produções de hoje, vamos acompanhar o trabalho acadêmico dos alunos Dennis Weberton Vendruscolo Gonçalves, Ivanir Gomes de Carvalho, Maria Ladilane Gabriel Abrão, Patricia Berté Bressan, Paulo Sérgio Mendes e Raquel Gonçalves. Eles desenvolveram uma pesquisa para atender à disciplina de Estatística, ministrada pelo Professor Doutor Marcelo Vergotti. Os resultados das entrevistas com 70 pessoas desempregadas de Vilhena você confere em uma reportagem postada abaixo:
Nem cursos salvam vilhenenses do desemprego
Trabalhadores com experiência e outros requisitos básicos não conseguem preencher vagas disponíveis no mercado de Vilhena
Josiane Albuquerque, 25 anos, manicure, secretária, auxiliar de produção e contábil, artesã, telefonista, balconista. Com experiência em diversas áreas, a jovem engrossa a fila de desempregados em Vilhena. Mesmo assim, ela acredita na necessidade da diversificação do conhecimento para ampliar as possibilidades de conseguir um bom emprego. Segundo a moça, o meio mais seguro e rápido de atingir esse objetivo é investindo em cursos profissionalizantes. “Hoje as empresas não contratam pessoas para fazer um único serviço. O empregado tem que estar apto a desenvolver qualquer tarefa, o que inclui desde atendimento ao cliente até o fechamento de caixa e conhecimento contábil. Quanto mais a crise arrocha, mas o conhecimento é valorizado. Sei que os cursos que fiz até hoje vão me colocar no topo da lista para contratação quando aparecer uma vaga”, declara.
Assim como Josiane, muitos vilhenenses investem em cursos de especialização que atendem vários setores econômicos. O problema é que os cursos profissionalizantes não são suficientes para garantir uma vaga no mercado de trabalho. Cientes dessa realidade muitas pessoas preferem apostar em outras alternativas para ter sucesso na vida profissional. Os alunos do curso de jornalismo da Universidade Federal de Rondônia (Unir), entrevistaram 70 pessoas desempregadas em Vilhena. O resultado mostrou que 54% dos entrevistados nunca fizeram um curso, mesmo assim diversificam as atividades para complementar o currículo profissional.
Maria Hilda Satiro, 45, é uma dessas pessoas. Ela cursou somente até a quarta série do ensino fundamental e nunca fez um curso profissionalizante. Mesmo assim não encontra dificuldade para conseguir trabalho. Desempregada há pouco tempo, ela garante que os serviços de limpeza e domésticos não exigem muito do candidato. “Acho que se tivesse feito um curso teria mais chance de arrumar emprego, mas sempre posso contar com minha experiência e indicações de amigos”, declara.
Dos indivíduos que investiram em qualificação, 48% custearam apenas um curso, a maioria na área de informática: 62,9% sabe usar computador. A média de idade foi de 27 anos, sendo que 35% possuem Ensino Médio completo e 22% concluíram o Ensino Fundamental.
Especialistas explicam que para conseguir uma vaga no mercado de trabalho em Vilhena é preciso aliar alguns requisitos básicos ao conhecimento teórico. Um deles é a habilitação para dirigir: 54,3% das 70 pessoas que responderam ao questionário possuem CNH.
Complemento
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), Darci Cerutti, é necessário complementar o conhecimento com curso profissionalizante. Exemplo disto, é o próprio Cerutti que atua em diversos seguimentos econômicos. Além de presidente da CDL, ele é contador, agropecuarista, atua no setor imobiliário com aluguel de imóveis próprios e é comerciante, entre outras atividades que exerce junto à iniciativa privada. “Todos que procuram emprego devem estar preparados, mesmo que seja o primeiro emprego. O primeiro passo é ter um currículo bem feito, portar todos os documentos pessoais, se possível ter carteira de habilitação e alguns cursos, inclusive aqueles que estão fora de sua área de atuação”, observa.
Cerutti frisa que, hoje, o funcionário deve ser polivalente, não exercendo apenas uma atividade. “Um ofice-boy deve poder dirigir uma moto porque bicicleta demanda tempo para deslocamento e com uma equipe enxuta na empresa, tempo é dinheiro”, exemplifica. O empresário diz ainda que até as formações acadêmicas devem ser complementadas porque o mercado de trabalho tornou-se muito exigente e na seleção, que é um processo natural, o escolhido é sempre aquele que está mais preparado. “O campo de trabalho existe bem como a oportunidade. Vilhena está crescendo e por isso a taxa de desemprego ainda não é preocupante. Vale ressaltar que o campo do conhecimento é imensurável exigindo sempre especialização em todos os setores”, menciona.
Segundo Cerutti, “estamos vivendo num mundo globalizado e toda crise internacional reflete aqui no Brasil. Então, não vivemos um bom momento para a geração de emprego. As empresas estão muito cautelosas na tomada de qualquer decisão. Esse não é o momento de investir em projetos de expansão, e sim, na contenção de despesas”.
O presidente da CDL alertou que muitas multinacionais operam em Rondônia a exemplo do Frigorífico Friboi, da Cargil e da Danone. “São multinacionais que sofrem com a atual crise econômica. Por isso é fundamental que as pessoas invistam em qualificação porque é nos momentos difíceis que as pessoas devem se superar”, alerta.
A vendedora Cristina Araújo concorda com Cerutti. Ela afirma que só a experiência não é suficiente para disputar uma vaga no mercado de trabalho. Para ela, é preciso apostar numa boa relação com pessoas que atuam na área onde se quer trabalhar. “É o famoso network. Quem não lembra dos amigos ao menos uma vez por mês pode ter certeza que eles não vão lembrar de você quando aparecer uma oportunidade na empresa onde trabalham”, afirma.
Desemprego em números
Como o crescimento do número de mulheres que se tornam arrimo de famílias aumentou, também sobe o número de desempregados do sexo feminino. Em Vilhena não é diferente, apesar da diferença em percentual ser pequena. Dos entrevistados, 53% são mulheres.
Mais da metade dos desempregados tem profissão definida, cerca de 51%, e 58% possuem experiência comprovada. Trabalhadores que já estão no mercado de trabalho há um ano somam 11%. Esse número diminui quando o tempo da experiência aumenta. Os entrevistados que comprovam experiência de dois anos fecharam em 18%. Somente 1% se mantém no mercado de trabalho há 15 anos.
Ao contrário dos grandes centros onde a procura por uma vaga pode durar anos, em Vilhena 66% dos entrevistados estão parados há menos de um ano. Duas habilidades se destacaram entre os entrevistados: 47 pessoas afirmaram que são boas para lidar com vendas e 21 disseram que se saem bem com trabalhos manuais.
Por que eles estão desempregados?
Dos 70 entrevistados nem todos disseram o porquê estão desempregados, 13% preferiram omitir essa informação. Mesmo assim, 32% alegam que foram demitidos por motivo de corte de pessoal na empresa, enquanto 17% culpam o término da safra por estarem desempregados. Estes últimos atuam direta ou indiretamente no setor agrícola. O que mais chamou a atenção foi o percentual de pessoas que estão desempregadas porque quiseram. Pedidos de demissão somaram 38% das respostas.
Onde e como procurar
Cerca de 55,7% dos entrevistados responderam que recorrem ao Sistema Nacional de Emprego (Sine) na hora de procurar um emprego. Dos 70 entrevistados, 38 marcaram a opção em que a ajuda vem da indicação de um amigo. É o caso de Maria Hilda Satiro. “Peço ajuda para uns conhecidos quando estou desempregada. Conheço muitas pessoas e elas sempre me indicam lugares onde posso trabalhar”, informa. E os meios de comunicação também ajudam na hora de sair do desemprego. 28,5% dos entrevistados responderam que vão atrás das vagas divulgadas no rádio. Isso já não acontece com as vagas divulgadas na televisão. Apenas 4,3% optaram por essa alternativa.
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Método de persquisa
Foram entrevistadas 70 pessoas, com faixa etária de 17 a 46 anos, que se encontravam desempregadas. Elas responderam 12 questões relativas ao tema: desemprego em Vilhena. A média de idade obtida através da distribuição de freqüência por classes girou em torno de 27 anos com um desvio padrão de 7 anos para mais ou para menos (intervalo de 20 a 33 anos), sendo que a precisão para esse tipo de análise foi aceitável: 26%.
Outros cálculos foram efetuados a partir da distribuição de classes apresentada em sala de aula, porém os resultados tiveram uma grande variação, o que fez com que o grupo partisse para a porcentagem dos resultados. Realizamos a filtragem dos dados conforme o exposto nas aulas de Estatística.
Obs: Esse é um trabalho acadêmico produzido em 2009. Se for utilizar favor citar a fonte e a autoria.
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